16/09/2011
Hotel pop-chic
Está chegando ao Brasil um novo conceito de hotel, focado no turismo corporativo, que une sofisticação e luxo a preços convidativos. Em destaque um Fasano, ícone da hotelaria de luxo de São PauloQuanto valem o luxo e a sofisticação? Se você gosta de viajar bem e se hospedar em grande estilo, mas não concorda com as contas astronômicas dos hotéis-butique e das grandes redes internacionais, prepare-se para pagar menos no check out - e gastar mais em compras e jantares nos melhores restaurantes. Está chegando, ao Brasil, a primeira rede de hotéis pop-chics, que alia o visual agradável de um Fasano e de um Unique - dois ícones da hotelaria de luxo de São Paulo e do Rio de Janeiro - aos preços convidativos das bandeiras Fórmula Um e Ibis, do grupo francês Accor. É a Twist Inn, do grupo português Sleep Hotels.
O empresário Carlos Rosales, CEO da empresa, contou à DINHEIRO, com exclusividade, como pretende fazer essa inovação no Brasil. "Nos inspiramos na rede de lojas de roupas e acessórios Zara e na marca de relógios suíços Swatch, exemplos de democratização do design e do lifestyle com alto padrão de qualidade", diz o português Rosales. Mais do que nunca, menos é mais. O conceito será lançado primeiramente em Belo Horizonte, Minas Gerais, e em Camaçari, na Bahia. "A ideia é proporcionar uma experiência verdadeiramente única e não apenas um lugar só para dormir", afirma a arquiteta e decoradora espanhola Pilar Paiva de Sousa, responsável pelos projetos dos interiores dos hotéis da empresa. Depois de mirar nos turistas habituais, a rede pretende conquistar os viajantes corporativos, especialmente os que têm de administrar orçamentos de baixo custo, mas não abrem mão da sofisticação.
A tal experiência única começa já na recepção, que empresta das madeiras escuras e da iluminação baixa o aconchego dos ambientes refinados. Continua na decoração minimalista e elegante dos quartos e banheiros, que parecem ter saídos de alguma mostra de decoração, e termina na hora de pagar a conta, já que, por esse pacote, será cobrada uma diária entre R$ 150 e R$ 200. "A simplicidade no luxo não significa ser simplista", afirma Pilar. "É tão somente a depuração do supérfluo." O grupo pretende modificar a impressão dominante em relação aos hotéis de baixo preço. "As pessoas associam a hospedagem mais em conta a ambientes tristes, monocórdios, mas não será assim nos hotéis Twist", diz Rosales, que largou a faculdade de direito para se dedicar à hotelaria, há 32 anos, e chegou a trabalhar no grupo Marriott. Para ele, é por meio do design de interiores, com o suporte da tecnologia, que um hotel proporciona a realização, sem traumas, das tarefas cotidianas de um funcionário de empresa numa atmosfera relaxante. Dessa maneira a produtividade do viajante corporativo não é prejudicada, mesmo ele estando fora da empresa.
Para garantir esse ambiente agradável ao hóspede brasileiro, cerca de 20% dos objetos de decoração serão assinados por designers locais e toda a madeira usada será certificada. Como também faz parte do projeto o uso de painéis fotográficos nas áreas privadas e comuns, serão selecionados profissionais renomados do País para fornecer essas imagens. "A chamada cor local é fundamental nessa busca de identidade e, logicamente, permitirá construir esse ambiente cortês que estamos propagando", diz Rosales. Segundo o empresário, essa fórmula de preservação da cultura local será aplicada em todos os demais hotéis da bandeira a ser abertos. "O verdadeiro luxo está na autenticidade e na veracidade do que se oferece ao hóspede", diz Pilar. "Seja referente ao projeto, ao mobiliário ou ao serviço."
Portugal, Angola, Argélia e Brasil são as primeiras escalas da Twist. O primeiro hotel a abrir suas portas para o luxo acessível será o de Luanda, capital de Angola, com 210 quartos, no ano que vem. Depois chegará a vez da cidade portuguesa de Braga e, na sequência, Belo Horizonte e Camaçari. "No Brasil, vamos investir, num primeiro momento, R$ 150 milhões", diz Rosales, que resolveu se estabelecer na capital mineira. "Até 2016, vamos operar 12 hotéis da bandeira." A Sleep, por sinal, quer fugir do eixo Rio-São Paulo e já mira em outras capitais e em cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto. Filósofa da sofisticação: "Simplicidade no luxo é a depuração do supérfluo" - Pilar Paiva de Sousa "Queremos nos concentrar nos mercados mais carentes de produtos diversificados em hotelaria", afirma o CEO da empresa, empolgado com o potencial do País.
Essa predileção pelo mercado brasileiro fez com que a Sleep Hotels escolhesse Belo Horizonte para implantar também um desdobramento do conceito do Twist Inn, o dos resorts econômicos. O primeiro empreendimento com essa característica será construído no Reserva Real, um megaloteamento de casas de campo. "Estamos realmente animados", afirma a arquiteta. "Há muito trabalho a fazer, uma vez que a hotelaria brasileira, no geral, ainda oferece um serviço abaixo da qualidade que um país, com essa magnitude, merece."